Tecnologia

Mulher na Tecnologia: Executiva latino-americana conta como é atuar no mercado e dá dicas

Confira a entrevista com Ana Maria Ortega, Growth Online Lead da startup, sobre como é ser uma mulher latino-americana trabalhando com tecnologia no Brasil, os desafios da profissão e algumas dicas para jovens que pensam em ingressar neste mercado

Lugar de mulher é onde ela quiser, especialmente na área de tecnologia.

Programação, tecnologia da informação, business intelligence, desenvolvimento de novos produtos e marketing online são alguns dos diversos setores em que as mulheres se destacam com grandes contribuições. 

Para falar sobre a atuação feminina no mercado de tecnologia brasileiro, convidamos a Ana Maria Ortega, Growth Online Lead da Frubana, plataforma de e-commerce completa para restaurantes da América Latina, para contar sobre sua trajetoria, os desafios da profissão e algumas dicas para jovens que pensam em ingressar neste mercado

1 – Quando você se interessou por tecnologia e o que primeiro fez você se interessar pelo ramo?

Bom, essa questão está muito ligada à minha idade, como um bom millennial sou uma pessoa que cresceu animada com as vantagens que a tecnologia te dá: poder ligar para meus amigos e pais de qualquer lugar do mundo, monitorar minha frequência cardíaca enquanto corro, não depender da programação da televisão para assistir as séries que eu quero ver, ter um lugar para colocar as fotos que eu gosto de tirar, etc.

Resumindo, a tecnologia para mim é a forma de facilitar e resolver problemas de uma forma mais simples, cresci com a possibilidade de conhecer o mundo com apenas um clique!

2 – Como foi parar na sua carreira? Que obstáculos você teve que superar?

Eu estudei engenharia industrial.

Desde pequena, e influenciada pela época em que nasci, sempre fui atraída pela otimização de processos e sistemas complexos desenvolvendo outros sistemas, aprimorando-os e implementando.

Tudo isso misturando pessoas, conhecimentos, tecnologia, materiais e outros processos. 

Como obstáculos, só acho que tive que “tentar” um pouco mais do que alguns colegas que haviam recebido um tipo de formação que cobria outras áreas em suas escolas: eu não sabia nada sobre linguagens de programação quando entrei na faculdade, nem ninguém havia falado que este mundo de “desenvolvedores de tecnologia” existia.

A primeira aula que fiz se chamava “Programação Orientada a Objetos”, tive que trabalhar duas vezes mais e aprender uma linguagem chamada “java”, mas valeu a pena pelo resto da minha carreira! Na Frubana, foi fundamental para o meu crescimento profissional.

3 – Recebeu apoio da sua família e amigos? Você tem alguém que te inspira?

Sou muito grata nesse aspecto, ao longo da minha vida tive muito apoio de todos os lados, sempre estive perto de pessoas que me ajudaram a crescer e sempre querer ir mais longe.

Meus pais e meu irmão sempre me incentivaram a aprender e querer “comer o mundo” (muito do que sou é graças a eles).

Meus amigos, eles viveram tudo comigo, entre a gente nos desafiávamos a aprender mais, a ser os melhores alunos, os melhores atletas etc.

No meu trabalho, onde somos o equivalente a uma família e uma mistura de “um equipe esportiva olímpica”, sempre recebi e recebo apoio de todos, com ferramentas para me ajudar a aprender rapidamente soft e hard skills, tempo e dedicação de todos em me ensinar, feedback e vontade de tirar o melhor de mim!

Tenho muitas pessoas que me inspiram.

Um resumo rápido, mas deixando muitas pessoas de fora: meu pai me ensinou a disciplina do trabalho duro, de progredir por conta própria.

Desde muito jovem, minha mãe trabalhou minhas habilidades de comunicação (ela é uma comunicadora social), meu irmão abriu milhares de portas para minha forma de ver o mundo. Fancho, Alex e os fundadores da Frubana mostraram para mim seu sonho, admiro muito cada um deles e até onde levaram a nossa empresa. Tite, meu atual chefe, “me criou”, entrou na minha vida em uma fase em que eu era uma “esponja” e sempre me orientou a aprender sobre estratégia, priorização, números. Finalmente, Breno, country manager do Brasil, mudou minha vida e me ensinou a ser a melhor versão de mim mesma: ser eficaz e feliz. Ainda tenho muito a aprender com todos eles.

4 – Alguém já tentou impedi-la de aprender e avançar em sua vida profissional?

Acredito sinceramente que não passei por uma situação em que alguém queira me impedir de ser melhor.

É normal ter certos momentos de dificuldade em certas ocasiões, mas as mesmas ferramentas que aprendi e as pessoas que me cercaram, me ajudaram a lidar com qualquer momento difícil da melhor maneira.

No final, todos nós temos um bom coração e oportunidades de melhoria.

5 – Do que você mais se orgulha em sua carreira?

De ter a oportunidade de ajudar!!!

Trabalhar na Frubana para mim é a oportunidade de trabalhar pelo meu país, pela América Latina, por uma sociedade que busca ser melhor a cada dia.

Da mesma forma, tive a oportunidade de liderar uma equipe de pessoas maravilhosas que confiam em mim e no que estamos criando para obter o melhor de si e ser mais um grão de areia que ajuda a tornar o mundo um lugar melhor.

6 – Por que há poucas mulheres na tecnologia? Qual é a sua opinião sobre isso?

A participação feminina na tecnologia é um aspecto que vem aumentando ao longo dos anos, ainda não é 50%-50%, mas vamos lá.

Acho que é um tema muito amplo mas está ligado a um aspecto cultural que todos vimos que está mudando ao longo dos anos.

Também ligado a isso, acho que temos que continuar a aumentar os incentivos para criar interesse por a tecnologia: Pais, amigos, escolas e qualquer pessoa que esteja envolvida na educação de uma criança.

7 – Você poderia citar alguns desafios (ou obstáculos) que as mulheres da tecnologia enfrentam?

Acho que um dos maiores está ligado a nós mesmos.

Desafio todas para que nós acreditemos que somos capazes de tudo e que não há ninguém ou nada que não possa impedi-lo.

O poder está em nós mesmos, se realmente acreditarmos nele, encontraremos as pessoas e as ferramentas que nos apoiarão.

Precisamos de mais Marie Curies neste mundo! 

8 – A discussão sobre diversidade está ganhando força. Quanto tempo levará para ver os resultados do debate atual?

Na minha opinião, já estamos vendo.

Hoje, meu dia a dia (instagram, os papos com meus amigos, as séries novas, podcasts, estão influenciados pela diversidade de todos os tipos: cultural, sexual, socioeconômico, ideológico.

Eu mesma sou uma amostra da diversidade: colombiana morando no Brasil que trabalha no mundo da tecnologia e convive com todos os tipos de nível socioeconômico no seu dia a dia.

E como eu, existem milhares de efeitos que estamos experimentando neste “boom” de diversidade. Estou muito animada para ver o que este ano nos reserva.

9 – Que conselho (e dicas) você daria para as mulheres que querem seguir uma carreira em tecnologia? O que eles devem saber sobre esta indústria?

Eu posso dar três dicas:

1) Ser autodidata e proativa: Como tudo na vida, vocês precisam abrir suas cabeças para aprender com e de diferentes fontes e pessoas. Usem a mesma tecnologia que temos hoje: Coursera, google, pinterest, youtube, tiktok, Udemy… para aprender a partir de agora! Tudo está em suas mãos, é começar e se conectar com este mundo pouco a pouco.

2) Aprender a programar e fazer cursos de ciência de dados me trouxe muitas vantagens. Hoje não faço mais código com minhas próprias mãos, mas aprender tudo isso permitiu e permite que eu pense em soluções diferentes que muitas vezes não ocorreriam a outra pessoa.

3) Perca o constrangimento e pergunte. Para quem me conhece de perto sabe que sou uma pessoa muito curiosa que não “desculpo” em pedir ajuda para aprender de qualquer assunto, linguagem de programação, ferramenta ou produto. Você ficará surpreso com o número de pessoas que gostam de ensinar e passar seus conhecimentos para os outros.

Avaliar post
Mais

Relacionados

Botão Voltar ao topo